Vidas Negras Importam

Vidas Negras Importam

Publicado em: 19/11/2021

Neste dia que marca a luta contra o racismo no Brasil, o Dia da Consciência Negra, convidamos duas gerações para debater um pouco sobre o quanto a pauta evoluiu até aqui e o quanto ela ainda precisa evoluir. Confira!

Esse vídeo foi resultado de muita reflexão e diálogo para darmos continuidade ao debate de uma data tão importante como o Dia da Consciência Negra. Abaixo, uma carta aberta da professora Anne Jefferson sobre o movimento "Vidas Negras Importam", publicada originalmente no dia 18/06/2020, mas que infelizmente segue é tão atual quanto no momento em que foi lançada.

Por Professora Anne Jeferson

Recentemente a onda de protestos por conta da morte do americano George Floyd, morto covardemente por um policial em Mineápolis, EUA despertou em anônimos, celebridades e empresas a importância do debate para questão racial. A hastag #blacklivesmattrer, criada em 2013 por 3 ativistas norte-americanas tomou proporção mundial pelos direitos da população negra e pelo fim da violência policial.

No Brasil, #vidasnegrasimportam também movimentou discussões e entrou em pauta para a questão da desigualdade racial e o racismo que assola a população negra até os dias de hoje.

Representamos 55,8% da população do Brasil, somos o segundo país com o maior número de pessoas negras no mundo e mesmo com 132 anos pós abolição sofremos com a desigualdade racial. A população negra sofre com a violência policial, o genocídio dos jovens negros e a falta de representatividade em posições de destaque.

Dados da ONU apontam que a cada 23 minutos um jovem negro morre no país e que 75% dos jovens que morrem em homicídios são negros. Neste momento de pandemia o número de negros mortos é 5 vezes maior que brancos e ainda somamos 67% dos 13 milhões de desempregados em nosso país. 61% das mulheres negras são vítimas do feminicídio no Brasil.

Também no mercado de trabalho os negros enfrentam a desigualdade: recebemos salários 31% a menos que os brancos e representamos somente 4% dos cargos executivos.

As marcas do racismo nos deixa claro quando há pouca presença de negros como docentes nas universidades, nas dificuldades para se eleger representantes no congresso e parlamento, na pouca representatividade nas propagandas, cinema e televisão.

Somos uma sociedade racista na estrutura e indiferente a um problema que deveria ser de todos, mas não é.

Desnaturalizar o racismo é urgente e necessário.

 

Como combater o problema?

Se é um problema de todos é hora de fazer uma auto reflexão, analisando suas ações, falas e pré-julgamentos racistas.

É hora revisitar nossa história, de entender a importância do protagonismo do nosso povo, de recuperar e valorizar a produção da cultura da população negra. Um exemplo é a região Vale do Café que foi construída com suor dos nossos ancestrais. O que sabemos dessa época?

Para os que possuem privilégios reconheça e seja incentivador e promotor da mudança. Se envolva em discussões, contrate pessoas negras, compre de empreendedores negros e lute pela igualdade.

Esta é uma responsabilidade de todos nós, precisamos ser agentes da mudança individualmente, em nossa casa, em nossa empresa, no poder público e na sociedade.

É importante que esse debate não seja somente neste momento, mas que seja levado para o nosso dia a dia. Diariamente, não apenas em casos como esse de comoção mundial.

 

“Sim nós somos iguais, mas também não somos iguais. E vocês (brancos), precisam assumir esse compromisso de, juntos, encontrarmos um caminho.

Não é possível que não haja um caminho! Tem que haver um caminho! Tem que existir um novo pensar, um novo formar, um novo amar. Por que é tão difícil?"

Lázaro Ramos

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